Resposta: Um estudo desenvolvido pela consultora EY concluiu que a atividade da Corticeira Amorim resulta num sequestro anual de carbono que pode ser 17 vezes as emissões de gases de efeito de estufa de toda a cadeia de valor da Corticeira Amorim.

(Fonte: Inventário de emissões de GEE, EY 2019)

A produção mundial de cortiça é de 200 mil toneladas por ano, das quais 50% são oriundas de Portugal.

Não. A extração da cortiça é um processo controlado que não requer o abate dos sobreiros - pelo contrário, contribui para a sua regeneração. É a indústria da cortiça que viabiliza a continuidade do montado de sobro, ao contribuir para a manutenção das florestas e das populações que dependem delas. Uma estimativa recente prevê que só em Portugal, onde existe a maior área mundial de montado, a cortiça explorável seja suficiente para satisfazer a procura do mercado durante muitos largos anos. Todavia, e observando os novos paradigmas de desenvolvimento sustentável, as crescentes preocupações verdes da sociedade e as inumeráveis utilizações possíveis dentro de um infindável conjunto de atividades, será fácil adivinhar a progressiva procura das diferentes indústrias por produtos, soluções e aplicações em e/ou com cortiça. Nesse sentido, a Corticeira Amorim, em estreita colaboração com os produtores florestais, está a liderar um Programa de Intervenção Florestal que ambiciona nos próximos dez anos incrementar em 35% de produção de cortiça em Portugal.

Estima-se que existem mais de 2,1 milhões de hectares de montado (floresta de sobreiros). Cerca de um terço (aproximadamente 730 mil hectares) situa-se em Portugal, o que equivale a 22% da área florestal nacional. Metade da produção mundial de cortiça é portuguesa. O restante provém de Espanha, Itália, França, Marrocos, Tunísia e Argélia.

O montado de sobro oferece um conjunto de bens e serviços económicos e ambientais que estão relacionadas com atividades agro-silvo-pastoris e outras, como o ecoturismo, gerando uma gama de produtos que contribuem significativamente para a importância económica deste ecossistema. De entre os diversos sistemas produtivos existentes neste ecossistema podemos encontrar, para alem da provisão da cortiça: a provisão da madeira, produtos animais, plantas e ervas medicinais e aromáticas, cogumelos, mel; a regulação climática, prevenção de incêndios, regulação hidrológica e proteção do solo, manutenção de habitats e da biodiversidade, polinização; e diversos serviços culturais como atividades de recreio e turismo, atividades científicas e educacionais e identidade cultural e paisagem. Estudo da EY estimou um valor médio de mais de 1300 €/ha/ano pelos serviços dos ecossistemas associados a um montado bem gerido.

(Fonte: Avaliação dos serviços do ecossistema montado EY 2019)

Este ecossistema é extremamente resistente ao fogo. Os sobreiros para além de serem menos inflamáveis, são também uma espécie que demonstra maior facilidade em repovoar áreas ardidas, o que deve ser tido em conta em iniciativas de replantação após um desastre desta natureza.

(Fonte: Avaliação dos serviços do ecossistema montado EY 2019)

O montado de sobro desempenha um papel importante na promoção de determinadas funções ecológicas, como a conservação do solo, o armazenamento de carbono e a retenção de água, devido à vasta biodiversidade existente e à exploração multifuncional que o caracteriza. Os sobreiros possuem uma longevidade elevada (cerca de 200 anos), fornecendo uma matéria prima, a cortiça, conhecida pela sua elevada elasticidade, bom isolamento térmico e impermeabilidade.

Os produtos de cortiça são os bens mais valorizados no ecossistema, principalmente devido às rolhas de cortiça. A cortiça também é utilizada em vários outros setores de atividade devido às suas variadas características. Como consequência, tem uma enorme relevância económica e social devido à criação de emprego e desenvolvimento local das zonas rurais. Estima-se que mais de cem mil pessoas obtenham rendimento vital a partir destes ecossistemas.

Os montados são um hotspot de biodiversidade com estatuto de proteção pela Diretiva Habitats da UE (habitat 6310 - montado e habitat 9330 - florestas Quercus suber) e ainda habitat de abrigo prioritário 6220 (subestepes de gramíneas (Thero-Brachypodietea)). Como parte da Bacia do Mediterrâneo, o montado está inserido num dos 36 hotspots de biodiversidade mundial, conforme o estipulado no Critical Ecosystem Partnership Fund em parceria com o Conservation International (CEPF, 2017). A Bacia do Mediterrâneo possui 0,9% de todos os vertebrados e 4,3% de todas as plantas, traduzindo-se em cerca de 770 espécies de vertebrados e mais de 25 000 espécies de plantas, sendo que mais de metade são autóctones.

As características ambientais e físicas do montado são as principais causas para o seu valor ecológico. As árvores perenes com longos períodos de vida, aliadas à verticalidade e densidade do estrato arbustivo, promovem a coexistência de fauna e flora autóctones. Uma vez que se trata de um ecossistema agro-silvo-pastoril, é essencial a relação entre a manutenção de habitats com as práticas de agricultura extensiva e com os métodos de extração mais tradicionais, como é caso do utilizado para a extração de cortiça.

O montado é habitat para mais de 130 espécies de vertebrados, 75 dos quais são aves, 28 mamíferos, 10-15 répteis e 5-7 anfíbios. Cerca de 95% de todos os mamíferos terrestres presentes em Portugal existem no montado. O ameaçado lince Ibérico (Lynxpardinus) é uma das espécies que historicamente vive e caça no montado, mas que atualmente só é encontrada em números muito reduzidos. Uma das principais razões para esta ausência de populações de linces é o declínio na população do coelho-bravo (Oryctolaguscuniculus). No total, mais de 28 espécies de fauna do montado estão classificadas como protegidas. No que toca a flora, mais de 1350/ha de plantas vasculares podem ser encontradas neste ecossistema, muitas destas classificadas como raras ou com o estatuto de proteção.

(Fonte: Avaliação dos serviços do ecossistema montado EY 2019)

Este facto deve-se à alta especialização necessária para que a extração de cortiça seja feita sem danificar este activo precioso.

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